Olhão e Ria Formosa |
Situada no coração do Parque Natural da Ria Formosa, Olhão desenvolveu-se como consequência da harmoniosa interacção entre o homem e a Natureza. Originalmente habitada pelos povos marítimos, atraídos pela riqueza da sua vida marinha, Olhão continuou a exercer o seu meio de subsistência, a pesca, tendo ganho fama como destino de férias. O intricado labirinto dos canais do estuário da Ria Formosa, bancos de areia, salinas, longas extensões de areia dourada e os maravilhosos exemplos da diversidade da sua fauna e flora contribuíram para o fascínio intemporal da região do Algarve. A história da Olhão está profundamente enraizada na sua indústria do peixe. Os vestígios romanos e árabes em todo o município são testemunhos das actividades piscatórias e da salga do peixe, intemporais nesta região, e os pescadores de Olhão são conhecidos em toda a região pela sua competência e experiência. Originalmente atraídos pela abundância de peixe em Olhão, crê-se que os pescadores foram durante séculos os únicos habitantes de Olhão, tendo construído cabanas provisórias ao longo da costa e dedicado as suas vidas à pesca, utilizando a tradicional arte da “xávega” (lançando ao mar uma rede em forma de saco e arrastando-a de volta à praia). A indústria da pesca continua a captar a atenção de quem visita Olhão. Quer se trate dos bairros dos pescadores, na zona histórica da cidade, com as suas curiosas casas com formas cubistas e telhados planos ao estilo mourisco, da azáfama matinal da lota do peixe junto ao cais ou dos barcos, no porto, que regressam com as suas pescarias, carregados de sardinhas reluzentes, a cidade é um fervilhar de actividade e uma pitoresca mistura de sons, cores e cheiros. Uma volta pelo passeio que contorna o cais é ideal para observar a azáfama no porto situado abaixo. Um passeio pelo centro histórico levá-lo-á até a Igreja Matriz, que data do século XVII, o primeiro edifício de pedra a ser construído em Olhão e financiado pelos próprios pescadores. É constituída por uma capela independente dedicada a Nossa Senhora dos Aflitos, que é geralmente venerada por aqueles cuja subsistência depende do mar. As casas ricas nesta zona são um testemunho do período de riqueza de que gozou esta região após o estabelecimento da primeira fábrica de conservas de atum e de sardinhas no final do século XIX. Como seria de esperar, Olhão é também conhecida pelos melhores pratos de peixe e marisco do Algarve e é, com orgulho, a cidade anfitriã do Festival Anual do Marisco durante o mês de Agosto. A Ria Formosa é reputada por ser um local rico em diversas espécies de peixe, moluscos e crustáceos, todos eles exibidos com orgulho e saboreados durante este festival, ao som de música e danças nas ruas da cidade. Uma visita a Olhão não estaria completa se não se provasse uma das saborosas receitas locais dos pescadores nos pequenos restaurantes que enfeitam as ruas. As especialidades locais incluem amêijoas com milho, navalheiras com molho e arroz, congro cozido e feijoada de búzios. Muito mais tradicional do que a maioria das cidades cosmopolitas vizinhas, Olhão não tem, em termos de restaurantes, a oferta que se pode encontrar noutros lugares, mas dispõe de um número limitado de restaurantes estrangeiros. Saindo da cidade e atravessando o labirinto de canais, os bancos de areia e os terrenos pantanosos da bela Ria Formosa, encontram-se as extensas dunas da Ilha de Armona. As Praias de Armona e da Fuseta estão situadas em ambas as extremidades desta longa faixa de areia e oferecem equipamentos e desportos aquáticos. Ambas as praias podem tornar-se bastante movimentadas no Verão, mas uma caminhada mais adiante pelas dunas proporciona um retiro a quem aprecia paz e serenidade. A Praia da Ria da Fuseta, perto da vila da Fuseta, é uma pequena enseada frente à Ria, com acesso a pé. A praia da lagoa de Cavacos fica a meio do estuário, rodeada por salinas, e é um excelente lugar para observar a riqueza da fauna e da flora da Ria Formosa. Viagens exploratórias mais demoradas à volta da Ria Formosa são organizadas no Centro de Educação Ambiental de Marim, pertencente ao Parque Natural da Ria Formosa, onde guias explicam a fauna e a flora da região e propõem passeios pelo estuário. Estas caminhadas também incluem visitas ao centro de criação do cão de água português – uma raça nativa da região em vias de extinção. Embora Olhão se tenha desenvolvido calorosamente num destino de férias, recebendo de bom grado os turistas no seu litoral para que possam apreciar a beleza das suas praias e das lagoas, esta região continua a acarinhar e a manter a tradição e o património que levou precisamente ao seu despertar. |